quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

13 de dezembro de 2017

Querido diário;


Hoje eu estava de folga, e não, eu não dormi o dia todo neste intervalo da minha vida de escrava do capitalismo. Limpei a minha casa, coloquei ideias em ordem, esse tipo de coisa banal quase impossível de fazer durante o furacão sem graça que é a minha rotina.
No fim, antes de estar aqui, sentei na frente de casa, pintando umas quinquilharias e brigando com meu cachorro. Eu que sempre amei o frio, naquele momento, pela primeira vez no ano gostei do calor que faz hoje, acho que talvez isso seja um pequeno traço de mudança. É, foi bom, espero que amanhã seja tanto quanto hoje.

P.s. Pensei na minha mãe, escrevi um poema a alguns dias, falando sobre meu orgulho, e ela. No fim das contas acho que ele diz mais sobre mim mesma.


 Cartas para uma Mãe Desconhecida

Mãe, eu matei um homem, estava só
Rasguei a garganta vil deste infame
Que apodreceu meus sonhos sem dó

Tombou, sorrateiro
As mãos ferozes buscando as minhas, algozes
Fazendo-me tremer o corpo inteiro

Mãe, posso ver teu olhar
Desprezas o sangue que minha mão derramou?
Não viste o ignóbil pranto que minha face inundou?

Por aqueles antigos sonhos, que cultivei
Sanguinolentos, serão agora enterrados
Junto ao homem que matei

Mãe, porque choras? Não a vês?
 Há de chegar nova estação!
Minha alma jamais tombará na ilusão!
Ei de tecer novos sonhos, por costume

Assim como as rosas, que desaborcham
Para nos ofertar seu embriagante perfume
Mas que nunca abdicam dos mistérios de um botão!